quinta-feira, 21 de janeiro de 2010


Cá nesta Babilónia


Cá nesta Babilónia, donde mana
Matéria a quanto mal o mundo cria;
Cá, onde o puro Amor não tem valia,
Que a Mãe, que manda mais, tudo profana;


Cá, onde o mal se afina, o bem se dana,
E pode mais que uma honra uma tirania;
Cá, onde uma errada e cega Monarquia
Cuida que um nome vão a Deus engana;


Cá, neste labirinto, onde um Nobreza,
O Valor e vão pedindo o Saber
Às portas da cobiça e da Vileza;


Cá, neste escuro caos de confusão,
Cumprindo o curso estou da natureza.
Vê se me esquecerei de ti, Sião!


Luís Vaz de Camões, in "Sonetos







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